terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Getting back from hell

Desde o início que a intenção de criar este blog esteve longe de ser o meu muro das lamentações...infelizmente tem sido mais isso do que outra coisa :(

Chego ao dia de hoje, um pouco mais conformada...mas nem por isso menos revoltada e profundamente desamparada. Desamparada não pelos q tenho tido sempre ao meu lado...desamparada por mim, pela falta da tal força que todos dizem que tenho...pois é...se calhar não sou assim tão forte, né?!

Como tantas vezes disse no fim de 2009, aquele foi um ano que não me deixou saudades nenhumas...apesar de, faça-se justiça, ter passado momentos extraordinariamente felizes no ano passado.

Resumindo...depois de um ano de tentativas frustradas e de descoberto o problema da demora, recebemos o nosso positivo...o nosso sonho ía finalmente realizar-se e depois de tantos anos de felicidade juntos, teríamos o nosso primeiro filho. Comemorámos o nosso primeiro ano de casados e nessa mesma semana começou o pesadelo que culminaria com a perda da gravidez. Perdi a noção da realidade e vivi, durante vários dias, numa realidade paralela. Desesperei quando voltei a mim e me vi envolta em tanto sofrimento...não apenas o meu...mas o dos meus que sempre me quiseram tão bem...foi sem dúvida um sonho desfeito.

Demorei mais do que queria e do que esperava para recuperar emocionalmente. Lá recomeçámos, aos poucos a recuperar tuda a emoção e ilusão que a "procura" de um filho implicam...isto a nivel emocional, claro está.
Mais uma demora e fartos do chove não molha, ah e tal tentem mais 3 meses e se não conseguirem voltem cá e apesar de adorar o meu médico...que by the way tem uma lista de espera de 6 meses para as não grávidas (lá nisso não se pode falar...as grávidas têm consulta rapidissimo, como convém!), lá fomos pra Lisboa. Nada de especial...decidimos que tínhamos que ter acompanhamento especializado e acompanhado, e fomos para uma das melhores clínicas de infertilidade do país. Foram IMPECÁVEIS e resumindo...2 ou 3 dias depois engravidei de novo!!!!


A reacção: MEDO, MTO MEDO! Eu nem tive coragem de dizer ao S. pelo telefone, esperei pelo almoço e mostrei o teste. O homem ficou doido...eu, bem, eu acreditei mesmo que ía ser desta. Apesar disso, não contámos a ninguém e fomos sofrendo calados. Pouco antes do Natal contámos aos meus pais e no dia de Natal aos meus sogros. A reacção dos segundos não foi a que esperei, mas dado o sofrimento q eles tiveram no passado nesta área...relevei.

Nesse mesmo dia, no dia de Natal tudo começou a mudar. Tivemos o acidente com o carro novo e quando fui ao hospital com dores vi que a gravidez não parecia estar a evoluir bem...aliás...não tinha evoluído nada numa semana. Como já apanhamos um susto neste hospital, fomos ao outro (onde tinha feito a primeira eco)...o saco gestacional estava maior mas não correspondia ao tempo...esperamos e quando eu estava preparada para o tal sim ou não...ouvimos um nim e...apesar de ter muitas reservas, enchi-me de esperança...3 dias depois e apesar da medicação...comecei a perder o nosso segundo filho. A história repete-se.

Se estava conformada? Sim! Se estava preparada? Talvez. Se isso me ajudou a sofrer menos? Nem por sombras. Tenho estado mais calma, acho que por já conhecer o processo. Penso que talvez por isso a dor física tenha sido menor...a emocional, nem tanto assim.

Desculpem os que ainda tiveram a paciência de continuar a ler, mas sei lá...acho que precisava assumir e compreender o que nos está a acontecer de novo. Não sei se no futuro alguém que infelizmente passe pelo mesmo que eu encontrará nas minhas palavras algum conforto e alguma luz...tenho tido boas amigas que tendo passado pelo mesmo e com poucas palavras me fizeram reflectir sobre a postura que escolheria adoptar. Desta vez não quero, não consigo conformar-me e esperar.

Apesar de toda a dor e de todo o sofrimento quero recuperar a minha vida...esta que tem ficado em stand-by nestas longas semanas de clausura. Quero voltar ao trabalho, às minhas coisas, à minha vida...

Quero que um dia os meus filhos se orgulhem da luta que pais travaram para os poder amar.


1 comentário:

dinona disse...

Olha não desesperes...
Houve uma altura que eu trabalhei no Instituto Ricardo Jorge e na altura estavam a fazer um estudo com mulheres grávidas e numa das perguntas vinha lá uma que dizia "Já sofreu abortos espontâneos?" "se sim, quantas?"

E lembro-me que de montes e montes de questionários que eu vi a média foi 2 a 3 abortos espontâneos, mas mais tarde todas engravidaram (tanto que responderam ao questionário dá depois do bebé nascer)... por isso o único concelho que te posso dar é não desesperares.

Deve ser complicado, eu sei... mas às vezes a ansiadade é o pior.